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Reaja, você está sendo roubado

Redes sociais, televisão, jogos virtuais e outros ladrões estão consumindo o nosso tempo




Se você trabalha em um local no qual o acesso à internet é livre, pare e observe quantas pessoas ao redor estão navegando em redes sociais. Repita esse teste em casa, e veja quantos de seus familiares estão em frente à televisão. Agora, some o tempo gasto de cada uma dessas pessoas, sem esquecer, é claro, do seu tempo. Você vai se surpreender com a quantidade de horas desperdiçadas ou mal investidas por muita gente, inclusive você.

Esses são os modernos ladrões do tempo, sequestram sua vida, roubam suas horas e jamais devolverão um minuto sequer. Meios de entretenimento que poderiam ser usados em horas livres acabaram se transformando em vícios perigosos, colocando em risco as relações humanas, substituindo o "ao vivo e em cores" por experiências virtuais e superficiais.

Na visão do professor-doutor e coordenador do curso de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Milton Pelegrini, é preciso entender e definir esse fenômeno que revolucionou, para o bem ou para o mal, as relações sociais. "Na verdade não são redes, e também não existe sociedade nesses ambientes. Podemos dizer que sociedades são construídas por meio de memória coletiva, criam histórias, o que não há ali", argumenta.

Muitos defendem as facilidades dessas ferramentas, principalmente as páginas de relacionamentos virtuais. Mas será que as redes sociais são capazes de aproximar pessoas que estão distantes ou de afastar pessoas que estão próximas? É bom saber como anda a vida de um amigo ou parente que foi morar em outro país, mas e como vão os amigos que moram na mesma cidade que você?

Para Pelegrini, a facilidade, na realidade, desconecta as pessoas: "É uma aparente facilidade de fazer novos amigos, como também de perdê-los. Permite agregar sempre mais pessoas nos círculos de conexão, e é o que difere esses ambientes do mundo real, onde perder um amigo é algo muito doloroso e difícil, pois amizades não são constituídas de um dia para o outro", afirma.

Quem cria um perfil em rede social está se expondo para o mundo, não apenas para os amigos. É fato que os recrutadores já perceberam esses sites de relacionamento como ótima ferramenta para conhecer melhor a personalidade e o que o candidato pensa, mas não diz em uma entrevista. Muitas empresas, por questões de segurança de suas informações, acabam monitorando a frequência e os sites acessados por seus funcionários. Portanto, esse Big Brother pode não ser assim tão inofensivo como parece, pois as chances de colocar em risco um cargo almejado são grandes.

Tevê interativa

O que dizer a respeito da televisão, que há décadas está na maioria dos lares, divertindo e entretendo famílias inteiras? Há quem diga que pode faltar qualquer eletrodoméstico dentro de um lar brasileiro, mas a tevê sempre terá seu espaço garantido, ainda mais agora que os novos aparelhos de LCD e 3D também já estão agregando as mídias sociais. Ela é uma ótima válvula de escape após um dia estressante, mas também possui o poder de viciar seus telespectadores. A psicóloga Maria Fernanda Pereira Baccherini esclarece: "O problema é quando se torna dependência. Quando tudo se limita a uma coisa só, ou quando a pessoa não consegue mais ter controle disso."

Assim como a tevê, a psicóloga ressalta que a internet também é capaz de criar dependência, graças à sua realidade fantasiosa. "Muitos pacientes comentam que têm centenas de amigos no Facebook, mas eu digo que o que importa realmente é a qualidade, não o número."



Medo de estar só

Maria Fernanda defende que a compulsão por redes sociais pode ser a maneira de camuflar o medo de estar sozinho que quase toda pessoa possui. "Quando a pessoa está no Facebook, vendo a vida de todo mundo, ela se esconde atrás do que vê e não precisa olhar para ela própria, para a própria solidão. Enquanto ela está falando com um monte de gente, tem a falsa sensação de que não está sozinha, que está cheia de amigos. Mas será que são amigos mesmo? Até porque não dá para ter centenas de amigos com qualidade."

Para Pelegrini, apesar de a internet ser uma invenção moderna, já é possível analisar seus efeitos na sociedade. "Esses meios de comunicação acabam sendo um tipo de ladrão de nosso 'biotempo', ou seja, de nosso tempo de vida. Ao passarmos horas operando e mantendo essas páginas atualizadas, ocorre uma 'cronofagia', nosso tempo é engolido, e não percebemos que nesse sistema somos meros consumidores dessas novas e gigantes corporações, pagando com o nosso tempo, que neste caso é a nossa moeda de troca."

Hoje é praticamente impossível ficar alheio às mídias sociais, porém, é preciso ter cautela ao utilizá-las. O segredo está em saber administrar o relógio e a vida com equilíbrio e bom senso. Quando atualizar seu status e se envolver com joguinhos e bate-papos nas redes sociais ocupa a maior parte do seu tempo livre, é sinal de que você deu a esse tipo de entretenimento o poder de engolir horas preciosas de sua vida, que, certamente, farão falta mais tarde. É preciso decidir mudar de atitude para recuperar o que lhe foi roubado.

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